24 de janeiro de 2010

Sozinho ainda

Todo mundo fala muito da discriminação que existe entre as pessoas baseada em sua cor, religião, corte de cabelo ou status social. Acontece que isso é apenas o reflexo do desejo de sobrevivência da identidade de uma tribo. O problema é tratar mal os diferentes, não é se cercar de iguais.

É, caminhamos bilhões e bilhões de anos de evolução, mas ainda não conseguimos escapar dessa programação genética que nos trouxe até aqui. É impossível negar. Você pode ser a pessoa mais mente aberta do mundo e se dizer desprovido de qualquer preconceito, mas não consegue namorar uma pessoa que ouve tal e tal banda.

Não vivemos de instintos primários, como um crocodilo ou uma ameba qualquer, mas o que achamos ser livre-arbítrio é apenas a liberdade de escolha dentro de padrões limitados e pré-determinados pela tribo. Impossível negar que é muito mais confortável estar com gente que tem um padrão de vida parecido com o seu e que freqüenta os mesmos lugares, que tem os mesmos valores.

Cada uma de nossas células é governada por DNAs irmãos, proteínas que não tem olhos para ver o mundo em branco ou preto. Enzimas que não sabem se você é hétero ou gay. Mitocôndrias que não têm ideia do valor do seu contra-cheque. Foda-se. Ninguém pensa assim. Nem eu.

Eu preciso ter mais amigos gays e mais amigos vegetarianos e mais amigos que acreditam em Deus e que nenhum deles seja jovem ou bobo demais. É pedir muito, mas é muito chato estar cercado de gente e se sentir sozinho ainda.