29 de dezembro de 2008

Mais forte que Jesus

Esqueça o que sua mãe ensinou. Não dá pra resistir aos marinheiros e soldados. Enfrente tudo, guerras e perdas. Você sabe que o amor pode te matar como uma arma de fogo. Quem te disse que o amor era o alfa e o ômega? É uma maldição, é o martelo que vai te quebrar. É um veneno dentro de um bom-bom. Você não sabia que o amor é mais forte que Jesus? Você não sabia que o amor pode matar qualquer um?

- Stronger Than Jesus

28 de dezembro de 2008

Sensível

Não é que eu seja exigente. Tampouco é frescura. As pessoas são diferentes e eu sou sensível. Mas, olha, longe de mim de achar isso poético. Às vezes me é quase um defeito. Ninguém é perfeito e ser sensível pode ser um saco. Fico sensibilizado com coisas pequenas, vejo significados ocultos em coisas que não eram pra dizer nada. Me ofendo com certos elogios e me sinto bem com certos xingos. Ok, até aí deve ser normal. Mas o negócio é que me vejo em berlindas onde ser sensível é muito chato. Especialmente por ser gay. Uma coisa não é, nem deve ser, sinônima da outra. Afinal, existem inúmeros tipos de gays e inúmeros tipos de sensibilidades. Mas toda a humanidade tem uma interseção invisível em certos tipos de sentimentos. E elas são minhas armadilhas. Então preciso ser forte em momentos terríveis só para não presenciar sequer o início de um pensamento do tipo “ah, ta fazendo assim porque é viado”. E eu sofro. É uma mistura alucinada da vontade de seguir provando nada a ninguém com a vontade de mostrar como nem todo mundo é como imaginam que sejam. Fez sentido isso? Não importa. Uma coisa não é opção e a outra é cem por cento escolha minha. E por mais doloroso que seja as vezes, escolho ser assim. Eu não vou deixar pra lá, mas não sei como fazer. Preciso é de alguém pra me amar, aceitar e quietar.

16 de dezembro de 2008

Mutilação prática

Não quero que você me reconheça pela minha beleza. Ela é relativa e, assim, de acordo com os conceitos de muitos e de acordo com os meus, não sou belo. Aliás, sou. Pois aprendi na porrada que belo não é algo esteticamente simétrico, é algo que mexe com você, que emociona – para o bem ou para o mal. Assim, uma pintura pode ser tão bela quanto o bizarro e o grotesco. Acontece que cada coisa mexe com outra coisa na gente. Então prefiro acreditar que, pelo menos belo, eu sou. Mas não era esse o assunto. O negócio é que não dá pra usar suas idéias do lado de fora e você acaba sendo julgado pela sua aparência. Bom, é isso que dizem. Mas é uma merda de um papo furado isso. As estampas das suas blusas dizem sobre você e seu corte de cabelo também. É fácil fingir ser algo que não é, admito. Mas é fácil em igual quantidade mostrar quem você é. O problema é o de ser mal interpretado. Daí o que fazer? Se incognitar. Essa palavra não existe, mas vou explicá-la com um exemplo: a mutilação que é uma pessoa que raspa os cabelos, pois não quer ser reconhecida por eles ou pelo que eles significam em lugar nenhum.

Sem contar que é mais prático também.

14 de dezembro de 2008

Que bobagem

É bem provável que não exista nada que o incomode mais do que pessoas com pêlos na orelha. Como pode um sujeito vê-las assim e não fazer nada a respeito? Muita gente assim já tinha passado pela sua frente e pela sua vida, mas a pessoa em questão era um subalterno, o caixa de supermercado que, por um descuido estúpido, passou na registradora o pacote de Doritos três vezes. Em que mundo uma pessoa come três pacotes de Doritos sozinha?

Estranho como uma coisa tão insignificante serve como a gota d’água para genocídios e injustiças globais. Mas serve. O sangue lhe ferveu e, ao invés de mandar o gerente tomar no cu, teve outra idéia.

Terminou a carta e tirou os óculos. Ponderou um pouco e resolveu manter seus sapatos. Subiu as escadas e abriu, com certa dificuldade, a porta que ninguém abria. Lá, no teto, havia muita sujeira, grandes antenas e dois ninhos de pombos, que saíram voando ao vê-lo. O céu parecia estar mexendo sozinho, deu-lhe uma ponta de vertigem. Mas ignorou olhando para os próprios pés. Não é uma vertigenzinha que vai me impedir de fazer isso, pensou enquanto caminhava para a borda, e pulou.

2 de dezembro de 2008

Sobre elogios e chão em retrospecto

Até que ponto um elogio é confiável? As coisas são relativas e as pessoas são diferentes e, para o bem ou para o mal, essas características do mundo não andam em equilíbrio.

Pense nas pessoas mais feias que conhece; alguém as diz que são belas. Pense no pior amante que teve; alguém dorme com ele. Tudo que julgo em voz alta me repele e me atrai. E não consigo evitar pois me irrito com meu silêncio.

Sabe quando você tem todo o espaço do mundo e a poltrona mais peluda mas prefere sentar no chão? Certas coisas ficam mais saborosas se eu comê-las sentado no chão. Certos textos saem melhores no chão. Certas pessoas são melhores no chão.

Até que ponto um elogio é confiável? Não dá para tocar a vida com a certeza de que sempre serei o que sou ou o que acho que sou ou o que me dizem que sou – tampouco achando que continuarei não sendo o que não sou hoje.

As coisas são relativas, as pessoas são diferentes e não há equilíbrio algum em nada.

23 de novembro de 2008

Vomitei hoje ou Sincericídio

Parabéns, estão todos empatados. Todos. Em tudo.

22 de novembro de 2008

Esse silêncio de merda

"Amarga-me a boca a certeza de que umas quantas coisas sensatas que tenha dito durante a vida não terão, no fim de contas, nenhuma importância." - José Saramago

18 de novembro de 2008

Ponto de vista

Tem um conto cabalista que fala sobre dois homens que se mudam para a mesma cidade. Ambos são fabricantes de sapatos. Mas, ao andarem pelas ruas, reparam que ninguém usa nenhum! Então, um chega em casa e diz à esposa "Vamos embora. Ninguém nessa cidade usa sapatos, não há futuro aqui". E o outro chega para sua mulher e grita: "Ninguém na cidade usa sapatos! Vamos ficar ricos!".

9 de novembro de 2008

2005 e contando

Veio quieto, quase nem eu mesmo percebo. Mas percebi e não teve como evitar. Fui prestando mais atenção nele, todo dia, a cada dia. Era uma graça. Me fez feliz como nunca teria pensado antes e me fez sofrer como o capeta. Hoje, não sei o que pensar direito. É uma mistura de sensações e nada ao mesmo tempo. Tudo aconteceu há tanto tempo que virou meio que um borrão. Mentira, tudo é bem nítido. Mas, sabe, hoje há neutralidade, pois não há contato algum. E isso pode ser ruim. Mas não quero falar sobre isso agora (...).

Não dizia nada e não era de ninguém.

Chega de tentar fazer aquelas coisas que não podem ser feitas. Certas memórias não se apagam. A ânsia pelo futuro queima em mim como nunca e a culpa é toda minha. Mas, ao contrário do que pode parecer, a expectativa não está me matando. Foi a curiosidade que virou um fardo.

2 de novembro de 2008

Lugares

“Meu testemunho sincero e definitivo a respeito desse assunto é: não serve para nada se escrever sobre algo que se sentiu. Não alegra nem alivia. Não enobrece nem justifica”*. Agora, outro assunto é falar do que se está sentindo, na hora, no presente. E eu não estou entendendo o que está acontecendo. E pior do que o silêncio, são as hipóteses que aparecem na minha cabeça. Nenhuma delas é boa. Acontece que o passado não sabe o lugar dele e eu me preocupo com o futuro – afinal, é lá que vou viver o resto da minha vida.

* Fernanda Young em Aritmética.

To Do List

26 de outubro de 2008

Saco cheio

Eu sofro, me lamento e depois vou dormir. Há anos. Um belo dia, resolvi mudar e falar tudo que precisava. E em tudo que eu faço existe um por que. Mas nem tudo é tão simples que caiba num cartão postal. Os lugares estão tão diferentes, as pessoas e eu. Mas a sensação é a mesma. E, do meio do nada, surge, numa tarde muito quente, uma coisa gelada no tronco. Nasce perto do umbigo e se divide. Metade sobe, metade desce. A paciência esgota. Mas amanhã é só fingir que nada está se passando pela minha cabeça. Isso é fácil, tenho experiência. Mas um belo dia vou lhe telefonar pra lhe dizer que aquele sonho cresceu. Não sei mais se sinto prazer de ser quem eu sou e de estar onde estou.

Com trechos (adaptados) de “Agora Só Falta Você” (Rita Lee e Luís Sérgio Carlini) e “Cartão Postal” (Rita Lee)

24 de outubro de 2008

Isso não acontece frequentemente

Eu vejo coisa onde não tem. Indiretas, grosserias. Eu sou infantil, sabe? Eu cobro coisas idiotas, como atenção e carinho. Mudo de humor muito rápido e as vezes isso é ótimo e as vezes é péssimo. Eu morro de preguiça de muita coisa, de certos cenários, papos e trocas e sou muito ciumento. Quando eu beijo alguém que gosto muito, eu coloco a mão na nuca do outro e aperto o cabelo com força, como se estivesse acontecendo outra coisa. Falar nisso, preciso cortar meu cabelo pra ontem.

14 de outubro de 2008

Quebra do silêncio

Eu não sei lidar com a morte dos outros. Sim, dos outros. Me deparei com ela duas vezes na minha família. E foi OK. Chorei muito mais na primeira vez. O que quero dizer com morte dos outros é que não sei como lidar com a perda alheia. Hoje, uma amiga minha perdeu um amigo dela. Não soube o que dizer, o que fazer, como confortá-la. Cheguei a me sentir mal e culpado por isso. Eu tenho meus conceitos, minhas idéias, minhas crenças – elas são boas para mim, me fazem bem e aliviam muitas das minhas inseguranças, mas sinto que para confortar os outros elas não bastam. Eu queria dar abraços gigantes nela e dizer que tudo vai ficar bem – e eu tenho certeza que vai – mas não consigo pensar numa maneira de fazer isso sem soar falso. Eu tenho esse problema. Eu pareço muito mais superficial do que sou e, as vezes, me guardo exatamente por causa disso e o silêncio me faz parecer mais superficial ainda. Mas é que me envergonho da minha ignorância em relação a uns e não vejo prazer em perceber que sei mais que outros. Enfim, é isso. Desculpe o silêncio.

5 de outubro de 2008

Amor e rotina

"Tratar o outro como uma pilha de cristais finos. Pois o ser humano é um amontoado de traumas. E cada um desses traumas merece atenção e tato, quase tratamento especial. Daí se faz a intimidade máxima: um conhece os problemas emocionais do outro (...). É, no final das contas, essa sabedoria que sustenta os alicerces de um casamento. Mas mantê-los é tão cansativo que, às vezes, os casais duvidam se aquilo vale a pena. Se não seria melhor viver sozinho, do que ter que estar atento a tudo o tempo todo. Estar ligado às variações de humor do outro, às faltas de interesse físico, ao desânimo com a própria higiene. Estar acompanhado é um trabalho árduo, disfarçado de aconchego."

Fernanda Young - Vergonha dos Pés

4 de outubro de 2008

Queria ter menos pêlos. Me sinto sujo com eles na minha pele e no meu rosto. Na puberdade, dava medo vê-los invadindo minhas pernas e axilas tendo certeza que, algum bom tempo depois, eles sumiriam da minha cabeça. Mas não é medo de envelhecer. Mas também não sei bem o que é.

Tem pêlos nos meus dedos dos pés, baita coisa inútil. Eu tenho mesmo vergonha dos meus pés. Não ao ponto de usar meias no sexo, mas pode saber: se você já viu meu pé, não vai ficar lá mais íntimo que isso.

16 de setembro de 2008

Eu estava no ônibus em pé

E um homem encostou a mão dele na minha. Antes mesmo de virar ele desencostou, como que se tivesse sido o reflexo de quando encostamos em um espinho ou em uma panela muito quente. Eu sei que não foi nada pessoal. Ele não me odeia ou me enoja. Ele odeia o estranho. Aquele cara estranho. Aquele cara de mochila. Aquele estranho de cabelos pretos e nariz furado. Esse estranho estranho.

7 de setembro de 2008

Maria está na Índia

Daniel está sozinho pois Maria está na Índia agora. Ela disse que ia ligar, mas isso foi há três semanas. Ela deixou todas as coisas, seus livros e cartas dele. Mas ao que o sol nasce em Maria, se põe nele.

E ela dança, e ela bebe. E ela vê coisas que eu nunca vou ter oportunidade de ver.

Daniel não está comendo, está bebendo e dormindo. Eu o vi ontem a noite em uma festa e ele está bem magro. Ele diz que está feliz, parece até bem, mas eu sei que ao que o sol nasce em Maria, se põe nele.

Daniel veio aqui ontem a noite e eu cozinhei para ele. Falamos de você, Maria, e o quanto ainda te amávamos. Ele me disse que guardou seus livros, suas cartas e coisas. E ao que o sol se põe em Maria, nasce nele.

E nós dançamos e bebemos e eu vi coisas que ela nunca teve chance de ver. Não se preocupe, Maria, pois eu estou cuidando dele e ele está cuidando de mim.

- Dido

11 de agosto de 2008

Linearidade

"Sensação de perda sem nunca ter ganhado nada. É estranho como algumas pessoas nos libertam sem mesmo nos tocar". E como nos tocam fundo sem ter encostado ainda na gente. Cansei de voltar os ponteiros desse relógio, eu quero ir pra frente e pra frente.

6 de agosto de 2008

- Alô

Engraçado que, por mais que eu prefira acreditar que eu já superei todas as merdas que me fizeram e que não quero desculpas, vou dormir e sonho com um telefonema arrependido.

Ou com cartas não enviadas.

27 de julho de 2008

Such a good boy

Não dá pra morrer na praia. Se eu sofri em relacionamentos é bom que eu aprendo para o próximo, para tudo dar certo quando eu achar aquela pessoa especial. Mas e quando você pensa que achou e não achou? Eu sinto como que se ninguém tivesse nunca se apaixonado por mim. É que eu já me apaixonei, sabe? E não foi uma vez só. E dói bastante pensar sobre isso, na falta de reciprocidade. O que há de errado comigo pra que ninguém realmente me queira? Não pode ser uma coincidência do universo que todas as pessoas com que eu estive, ou tenha tido desejo de estar, tenham me deixado por causa de uma outra pessoa. Há algo aí, pra eu descobrir e melhorar. Mas eu não consigo ver. Eu nunca fui o preferido de ninguém, a única escolha e talvez nem a primeira. É um dilema complicadíssimo que me desanima. Eu não tenho energias pra formular um pensamento linear sobre os fatos. Não consigo internalizar as máximas que me cercam; como “no fim, tudo dá certo” e “assim que você parar de procurar um amor ele aparece”, e aí me sinto impotente dentro da minha própria cabeça. Todo dia eu deito na cama no mesmo horário e cada dia eu demoro um pouquinho mais pra dormir. Uns dias é porque estou dolorosamente segurando um choro. Outros dias é porque não consigo parar de chorar. Acho que ninguém sabe o que eu estou sentindo.

14 de julho de 2008

Exausto

É engraçado, no mínimo. Tenho uma leve dor de garganta por causa das cervejas de ontem e do frio que faz aqui. Tenho 15 panelas dentro do meu armário. Meu DVD de “Jagged Little Pill” é falsificado e eu comprei o original pra outra pessoa.

Pelo menos eu fiz planos. Mesmo que eu não os cumpra, vejo a minha habilidade de traçá-los. Pelo menos eu verbalizei o que queria, o que sentia. Pelo menos eu ri. Pelo menos eu pude ver quem são meus amigos e fiquei extremamente feliz com isso. Pelo menos agora eu tenho o livro da Fernanda Takai. (...) Mas ao invés de suspirar de ansiedade quando via um casal na rua, agora eu me seguro para não gritar. É que eu estou exausto. Exausto de procurar e correr atrás e confiar. Exausto de ver tudo ir pro mesmo lugar que tudo já foi.

12 de julho de 2008

Considere a lâmpada no seu teto

Considere a lâmpada no seu teto. Você liga o interruptor e ela acende. Mas a lâmpada não é a fonte de luz, a verdadeira fonte é um gerador elétrico em um lugar tão distante que você nem vê. E existem regras de quanta luz pode ser emitida e quando e porque. O mesmo é verdade com a Luz do Criador.

Um dos erros comuns que todos nós cometemos é o de confundir pessoas ou coisas com a Luz. Por exemplo, nada parece tão bom quanto se apaixonar. Naturalmente, acabamos associando a pessoa amada a essas sensações de felicidade e assumimos que ela é a fonte delas. Mas não é assim que funciona. Nenhuma pessoa pode suprir os sentimentos de amor que procuramos. É a maneira com que lidamos com a outra pessoa que revela Luz.

E o dia de hoje é sobre isso. Lembrar que, no final das contas, sua relação com as pessoas e lugares tem a ver com sua relação com a Luz de Deus.

Tudo de bom,

Yehuda Berg

7 de julho de 2008

Vasto

Mar de memórias. Infinito. Incompleto.

- Marcos Pimentel

6 de julho de 2008

(Nem) Tudo eu.

Sempre sou eu. Eu começo as conversas, eu provoco os beijos. Eu ligo no dia seguinte. Eu procuro saber e aprendo sobre. Eu pago. Eu presenteio. Eu bolo planos, agendas e faço listas. Eu escrevo cartões. Eu ofereço e peço. Inúmeras vezes tudo acabou pois eu decidi, de uma forma meio antropológica, fazer a seguinte experiência: o que vai acontecer se eu parar de procurar, de ligar, de começar as conversas? E o resultado foi categoricamente igual. Tudo desmoronou. As comprovações empíricas me deixavam com vontade de fazer mais experimentações. Que experimento faço a seguir? O que me parece melhor é esperar o inverso. Achar alguém que me deixe parado. Atender telefonemas, concordar ou não com programas, ler poesias feitas pra mim, receber presentes. Seria perfeito. Seria perfeito? Daí vem outra idéia: fazer isso em uma escala maior. Ao invés de ficar parado agir bem mais do que antes. Mas dá muito trabalho isso. Ai, não só isso. Tudo isso. As três possibilidades são trabalhosissímas. Mas não são as únicas três, certo? Nunca experimentei outra, mas sei que existem. Já li histórias.

29 de junho de 2008

Em nível de alma

Pois as pessoas associam casamento e amor verdadeiro a romance. Mandar flores, jantares românticos à luz de velas ou coisas mais profundas, como trazer filhos ao mundo. Mas romance vai e volta, não? Uma hora seu marido ou sua esposa são melhores amigos e outra hora eles estão na casa do cachorro, né? E eu não acho que é nada disso. O que faz um casamento funcionar é a habilidade de um amar o outro incondicionalmente. E é a coisa mais difícil do mundo. Não há nada de romântico em amar alguém incondicionalmente. É um trabalho duro. É como o pastor da minha igreja disse no sermão. Ele não tem motivos para amar sua esposa, ele a ama porque ama. Pois com “motivos” você quer dizer os motivos exteriores. Não é porque ela é bonita, talentosa, nenhuma dessas coisas físicas. É só porque ele a ama. Isso é amor em nível de alma.

- "The View"

22 de junho de 2008

Vida nova, amém.

Eu ando com o amor tatuado nas costas e uma vida nova tatuada na perna. Eu já sei sobre minha devoção a Deus, meu papel no planeta, sobre o sim e o não. Sei pular de ponta e ficar parado. Sei que sou o que sou, que sou coisas que não sei, que não sou o que não sou. Meus gostos, minhas aflições, minhas alergias. Eu te quero do meu lado agora. Pra firmar raízes em algum lugar, fazer um voto a mim mesmo, chamar minha casa de lar. Pra raiz ser nossa, pro meu voto ser pra você, pra ser nosso esse lar. Caixas gigantes cheias de coisas. Nada precioso e tudo sagrado. Eu estou pronto pra sair do limbo.

- Baseado em "Limbo No More", Alanis Morissette

18 de junho de 2008

Logo eu

Ausência interior exterior. Nariz em pé pela rua, risadas altas em bares, piadas boas no horário de almoço. Mas eu acredito em mim mesmo? Tenho achado que não. Como é complexo isso. Eu não acredito em elogios que me são feitos, pois acho todos parciais. Mas pode algum não ser? Eu me sinto facilmente ameaçado, pois não estou à altura de ninguém. O outro sempre é mais que eu; mais bonito, inteligente, atraente, engraçado, atencioso, rico, perspicaz, engraçado. Não acho que meus agrados preenchem o tanto de espaço que imagino que deviam preencher e me culpo por isso. Eu espero calado por sinais de que eu esteja errado, mas com medo deles não serem confiáveis por terem sido, de certa forma, plantados por mim. De onde vem essa minha necessidade de aprovação? De onde vem tanta culpa? Me dá um aperto gelado no peito e eu penso em coisas abstratas – como no inútil design aerodinâmico das caixas de som do computador – para evitar que lágrimas apareçam. Eu não sou tão incompetente assim, tão feio assim, tão ignorante assim. Por que preciso de provas? Porque dependem de terceiros? Eu, logo eu, que sempre assinei meus conselhos para amigos com a frase “não coloque sua felicidade na mão de outras pessoas. Se elas tiverem o pode de te fazer bem, também terão o de te fazer mal”. Logo eu...

5 de junho de 2008

Do fim

“Como você se despede de alguém que achava que não podia viver sem?”, pergunta-me Norah Jones em “Um Beijo Roubado”. “Eu não te amo mais. Adeus”, responde Natalie Portmam, em “Closer”. E eu adiciono: é isso mesmo.

Sua vida vai mudar completamente, rumos que você não tinha nem imaginado. Terminar um relacionamento com quem você achava que era sua alma gêmea muda sua vida, sua maneira de ver as coisas e as pessoas. Eu falo por experiência.

O começo é a pior parte. Eu precisei de cafunés de uma amiga e muita comida gordurosa. Dormimos abraçados. Eu tinha lágrimas no rosto e cheiro de Cheddar com batata frita na boca. O mês seguinte foi o mais cinza de todos, meio borrado, não fez muito sentido e passei por ele meio entorpecido e tentando me elevar. Fingir que está bem dá a sensação que ficarei mais rápido. Não funciona sempre, claro. Você vira um balão e esse fingimento te enche de ar. Aí, você ouve o nome da pessoa ou vê ela na rua de dentro do ônibus e uma agulha te espeta bem no meio e você solta todo o seu ar e, antes de murchar e parar no chão, fica rodopiando pelo cômodo.

Aí, passa. Nas histórias que ouço, os amigos se dividem entre as partes do ex-casal ou tentam equilibrar as coisas incluindo cada hora um em seus programas. Comigo não foi assim. “Perder” é uma palavra forte, mas foi o que praticamente aconteceu com quase metade dos meus. A carência nesse momento é bem forte. São perdas maiores do que você tinha percebido.

Aí, passa. E você encontra esperança em romances curtos, em ver que você ainda é desejável, em sexo casual e banhos longos. E você lembra daqueles amigos que você via com menos freqüência. Eles ganham mais importância enquanto você caminha com eles e redescobre os talentos deles, a generosidade deles, as psicoses deles. Você está confortável novamente. Não que o mundo seja melhor, mas você vê a sacralidade do mundo novamente.

E você tem as recaídas. Mas elas não têm mais o rosto do antigo amor. São mais por não ter um rosto substituto. E você espera e espera. Romances curtos, sexo casual e banhos longos não fazem mais efeito. Você anda sozinho pela rua de nariz empinado, mas dorme abraçando seus joelhos. Alguns amigos voltam. Lentamente, bem diferentes, mas voltam. Você os perdoa, você perdoa todos. Mas não adianta, tudo mudou e em breve eles irão sumir de novo, por outros motivos. São caminhos diferentes e você deve aceitar isso. Quem sabe o ponto de chegada seja o mesmo? Mas só te resta torcer.

Você come coisas saudáveis agora e ouve baladas mid-tempo de noite. Sai de casa e bebe as vezes. Sorri mais. Revê seus filmes favoritos, aprecia mais suas cobertas vazias cheias de você. Volta a fazer a barba todos os dias e a usar meias limpas. Se pega gritando o refrão de uma música numa noite sozinho em casa. Quase engasga quando abstrai e percebe: você superou. A pessoa e você. Você se superou.

Pessoas passam, estradas passam. Quando você menos espera, de onde você menos espera, surge um outro alguém – é, a felicidade nos vulgariza e a vida é mesmo um clichê. Não necessariamente na ordem apresentada aqui, sobe e desce sem parar a sua esperança na vida, no amor, na humanidade e na monogamia. O equilíbrio vai vir com alguém que vai te encher de amor e você vai sucumbir às grandes máximas da vida familiar sem perceber. E vai ser feliz.

30 de maio de 2008

A língua portuguesa me salvou

Fernanda Young tem aparecido bastante por aqui e lá vem ela de novo, dizendo algo que me identifiquei: que ela seria totalmente diferente se tivesse outra língua. Eu não consigo me expressar em outras línguas, não tenho a menor capacidade, não tenho talento nem paciência alguma. A maneira que a Língua Portuguesa conduz o meu raciocínio - o meu e o de todo mundo – como que a gente vê os sentimentos, cria relação amorosa, essa coisa que o Português nos dá da saudade, do fado, do drama, da poesia. Talvez eu fosse uma pessoa ainda mais auto destrutiva do que já fui perante concretude de uma outra língua. Eu tenho o raciocínio muito da minha língua. Eu sou fruto da minha estrutura lingüística.

25 de maio de 2008

A poesia na caixa

Não entendem como me fazem falta. Qual sua cor favorita? Ou será que é porque não sentem falta de mim? Onde eu sinto cócegas? Provocações precisam ser voluntárias. Boas e ruins. Se não todas ficam péssimas. Quantas pessoas amei, quantas vezes morri? O tempo passa devagar pra quem espera e aqueles que correm parecem ficar com toda a diversão. Quais minhas alergias? Eu nunca me senti querido como agora, nem nunca tão rejeitado como há 3 minutos. É muito extremo isso. Eu quero você de peito aberto pra eu entrar dizendo "lar, doce lar". E vice-versa.

- Com fragmentos de “Boa Noite

23 de maio de 2008

Let's do it!

Percebi que estive correndo suado minha vida inteira em direção a linha de chegada. O fim da corrida é o começo da vitória. E você diz que, se pudesse, me colocaria num pote afim de não sair mais de perto e não dividir com ninguém. Mas eu já estou no pote.

19 de maio de 2008

Eu acho bonito.

Se você não pode ser bom, seja cuidadoso. Se alguém precisar de mim, estarei no quarto. Chorando até dormir, as lágrimas recentes mais sinceras. Eu tento escrever, mas prefiro ler e quero que me escrevas pois acho bonito.

18 de maio de 2008

Próxima rotina

E depois de um longo dia de trabalho e aulas estamos em casa. Pizza vegetariana na mesa, calor no coração. Filosofias e papo-furado ouvindo uma música calma ou vendo uma sitcom. Sexo demorado, carinhoso e macio. Dormir de conchinha. Acordar cedo, juntos, tomar café da manhã e trocar “bom dias” sinceros. Cinema nos finais de semana, sair pra dançar as vezes, filmes em casa sempre sempre. Você ao meu lado, fazendo poesias sem perceber e eu dando suspiros orgulhosos de felicidade olhando ao redor.

15 de maio de 2008

Jackpot

Pois quando você está apaixonado tudo muda. Você não gosta da pessoa apenas, você lê a pessoa, você ouve a pessoa. E eu me machuquei antes por causa disso. Li livros ruins achando geniais. Mas coisas boas vieram, que mudaram minha vida. Mas aí você precisa abstrair que aquele livro não é aquela pessoa quando tudo termina. Que aquele livro você gostou porque é bom. Que aquela cantora é genial. Demora um tempo pra você poder ouvir uma canção e não lembrar do que ela te fazia sentir por alguém, mas você consegue. É um problema estúpido de uma coisa que eu sinto que não sei fazer: priorizar. Eu já quase perdi uma, não quero perder outra. Jackpot: vazio, vazio, vazio. Trim trim trim!

7 de maio de 2008

Perguntas

Trabalho não muito longe do centro e meu dentista é lá; nessa região da cidade que cheira a gordura e milho verde 24 horas por dia. Saí do consultório convencido que trata-se de algo pessoal, meu dentista me odeia – é a única explicação. Saio e está muito tarde para passar em casa e cedo para ir trabalhar. Almoço numa lanchonete e fico andando pela região. Cansado, decido entrar um um shopping center perto – afinal, Deus no céu, ar condicionado na Terra. Lá, não encontro lugar para sentar exceto à frente de uma prepotente vitrine de roupas íntimas da Calvin Klein. Oh, Deus. Uma cueca aqui custa quatro vezes o meu almoço. Que coisa é essa? Quem vê sua cueca e te avalia pelo preço dela? Cinco minutos pensando e olhando para dentro da loja. A vendedora me encara disfarçadamente com olhos debaixo de um cabelo liso provavelmente não natural. Resposta: todos. O MP3 pula para Portishead. Nova resposta: os que não se importam com você. Estou incomodado com o ambiente ao redor, mas feliz com meus pensamentos e expectativas e sentimentos.

2 de maio de 2008

Amor da Primeira Série

Eu sinto falta do amor puro da primeira série. Não que os outros amores que tenham passado por mim fossem menores ou maiores, mas foram tão diferentes. O amor da primeira série era um amor de olhares e descobertas. Eu não sabia que, para as outras pessoas, o amor podia não ser suficiente e nem que o sexo importava tanto. Aliás, eu desconhecia qualquer tipo de sexo, ponto G, beijos de língua, pegadas.

Foram poucas estradas. Mas todas longas e cheias de buracos. Realmente não faço idéia se machuquei alguém e realmente espero que não. Mas, para mim, muitos corações e muitas pessoas se tornaram irrelevantes - seja depois de muito prazer ou muito sofrimento. O amor da primeira série foi o único a ir embora e não deixar dor.

Eu lembro dos nomes, situações e histórias. Cartinhas às escondidas, pedidos de namoro, vergonha, palpitação. A descoberta do amor na primeira série e o que senti naquele tempo é o que me faz querer amar hoej, sempre e pra sempre.

- Adaptado do texto escrito em agosto de 2007. Original aqui.

1 de maio de 2008

Superstar da psique.

A questão é que eu sou um suburbano, pronto! Um homem que, quando criança, brincava de submarino em piscina de 1000 litros. Um homem que lambe a tampa do iogurte. Um homem que tem um pai que teve um Fiat 147 amarelo. Uma "suburbanice" sem precedentes. Mas não há nada de errado em ser um suburbano. O negócio é que você jamais consegue deixar de ser um deles. Reconhecível em qualquer lugar do mundo! Você faz parte da zona franca. Você tem aquele galo que muda de cores em cima da sua cabeça. A verdade fudida é que eu tinha vergonha dos meus pais. Sempre tive. Agora que a vida está do jeito que está, eu devo confessar isso. Mas qual foi o instante em que eu achei que era diferente deles? Esse Fiat precisa ser enterrado. Porque aqui, ou você coloca o Fiat parada na frente da sua casa e com orgulho o lava todos os sábados ou você carrega o Fiat escondida na alma. Que bosta de vida é essa cujo maior trauma não chega aos pés dos traumas de verdade? Afinal, o que é o trauma de não ter ganhado aquele tênis com luzinha na sola comparado com as criancinhas africanas que não têm dentes pra escovar? É, talvez dentro do meu contexto social eu seja uma pessoa de traumas. Mas, fala sério, não sou um superstar da psique.

- Com fragmentos de "Piscina", Fernanda Young

29 de abril de 2008

Última

Trate-me como uma maldição, depois diz que sou seu salvador. Esperar pela sua resposta foi como uma tortura, mas achei que poderia crescer acostumado com aquele tipo de inferno.

As vozes pararam de zumbir em sua mente? Diga-me o que elas diziam. Pois é isso que me pergunto quando ecos distantes de outras épocas começam a invadir meu cérebro. Você esconde sua tristeza atrás de seu sorriso e mantém suas angústias perdidas. A noite está tão quieta que você quase pensou que estava a salvo. Você está levando o cachorro pra passear ou é o cachorro que está te levando?

Você sempre me empurrava de volta pro chão. Eu deveria ter ido embora rápido, mas não fui. E toda hora eu voltava e tentava ter mais. Eu brincava na sua fantasia. Agora não há mais intoxicação em minha mente. Agora que tudo acabou, você não vai mentir quando sorri pois vejo atrás de seus olhos. Nem o diabo te reconheceria, mas eu sim.

Você mente pra você mesmo e, por conseqüência, pra todo o mundo. A minha ficha caiu, que todos os santos sejam louvados! Você acha que está andando no parapeito. Mas eu já andei por lá antes e sei que você está seguro dentro do quarto. Você tem demônios, logo ninguém pode te culpar. Mas quem é o senhor e quem é o escravo?

27 de abril de 2008

Nos abraçamos maliciosamente

e você diz que me ama. Peço algo, você aceita. Choramos de felicidade. E você me dá um beijo demorado, daqueles que não deve-se nunca parar, porque é o abismo onde gostaria de se perder todos os dias.

26 de abril de 2008

Love, love, love

O que é amor para mim? Não temer o outro, seja lá no que for, contar com o outro. A mágoa é possível, mas não deixar que a mágoa se transforme em amargura e rancor. Ainda sou assustada com as pessoas com as quais me relacionei: aquela cultura machista. É claro que existem as exceções e as exceções são bárbaras. (...) Os ritmos estão muito hedonistas, falta paciência. As pessoas terminam os relacionamentos porque querem grandes excitações. Traição é uma droga. E não pela traição. O ser humano não quer dividir seu amor. o amor requer paciência e um tempo filosófico para você se questionar. Não é o caminho do maior peito, de plástica ou então ficar trocando de paixão pelo resto da vida. Se você quer que ele dure tem que perdoar sempre.

- Fernanda Young

25 de abril de 2008

Permita-me ser franco.

Tudo e só o que eu queria é que o para sempre existisse quando você viesse e eu te pedisse pra ficar.

24 de abril de 2008

Olheiras

Não esfregue minhas ignorâncias na minha cara. É que nunca me quiseram e a expectativa simplesmente me mata por dentro e - a cada dia que passa- também por fora.

18 de abril de 2008

Conclusão

"Mais da metade da população está carente e incrédula em algum amor que o valha nessa vida. A população está cansada de traições, escapadas, enjoôs, cansaço e não vê romantismo em nada. Tratando-se que somos um nada nessa multidão, mas que existem mais pessoas procurando outras como nós que pensamos de tal forma, concluo que eu te contemplaria com o que quisesse pelo simples fato de te ter da minha maneira e com minhas pequenas exigências de abraço, conversa e sexo macio por todo o dia"

17 de abril de 2008

Mundo plástico

Se inventassem uma escala de valor para as coisas, se as coisas fossem enumeradas conforme sua importância para a humanidade, em que lugar estaria o plástico? A resposta pode ser resumida numa só conclusão: tudo hoje em dia leva plástico. Tudo é plástico. Não há um aparelho que não tenha plástico, não há nada que consiga escapar deste material.

Ai, ai, ai. Como é chato explicar melhor estas questões para os leitores mais exigentes. Ok, nem tudo no mundo tem plástico. Um anel de ouro não tem. Mas o que vale é a força da expressão. Então: não há nada no mundo moderno que fuja do plástico. Ele merece, na escala das descobertas importantes, pelo menos o 5º lugar.

1º, a roda. 2º, o fogo. 3º, as armas. 4º, as pílulas anticoncepcionais. 5º, o plástico. Depois vem uísque, xampu, forno de microondas de bandeja giratória, tinta para cabelos, etc.

Como que cada pessoa pode ser tão imensamente diferente da outra e isso ser tão óbvio, a ponto de não pensarmos com mais afinco sobre tal fenômeno? (...) As pessoas são tão ricas; e tanto me atraem, quando repelem. (...) Porque somos todos tão tagarelas, tão impacientes na nossa agilidade de modernos, que não enxergamos no outro seus ingredientes especiais. Então não importa quantas pessoas morreram na enchente da semana passada. Elas já são pessoas mortas e, coitadas, assim devia ser.

Ninguém pensa que a criança que dormia enquanto morria soterrada era, pela primeira e última vez no mundo, ela. Aquela criança não vai voltar. Dela restou o olhar, que é da mãe, os pés chatos, que são do pai, e um irmãozinho que tem a mesma pinta de nascença da coxa.

Desde pequena tenho esse hábito, injustamente confundido com não fazer nada, de ficar observando as pessoas. E jamais foi desagradável fazer longas viagens de ônibus. Morar longe de tudo. Em parte, aliás, foi este o motivo de tantas elocubrações. Bastava ter lugar para sentar e alguns tipos para analisar. Eu era capaz de concluir sobre uma vida inteira, só precisava olhar a nuca do indivíduo. Foi quando determinei que existem apenas três defeitos físicos decididamente irremediáveis: não ter cintura, ter tornozelo grosso e braços curtos.

Trechos do Livro: "A Sombra de Vossas Asas", de Fernanda Young

15 de abril de 2008

Maré

Like anyone would be, I am flattered by your fascination with me. Mas eu ainda a estranho um pouco.

11 de abril de 2008

D. diz:

escreva um artigo sobre sua vida irônica e de como piscianos tem um jeito cafajeste de te conquistar, mas que somente um é capaz de abraçá-lo em alma, caso estivesse perto.

6 de abril de 2008

Jota Emi

Eu uso uma nova colônia e sou um novo homem
Você não me reconheceria de olhos fechados
Eu sei o que você vai dizer
"Isso não vai durar mais que o resto do dia"
Mas você está errado dessa vez
Dessa vez você está errado

4 de abril de 2008

Pessegueiros

O amor verdadeiro é uma viagem à Chinatown?
O amor verdadeiro é uma longa caminhada pelo Bryant Park?
Debaixo dos pessegueiros eu sento e espero

Pois estou tão cansado de esperar em restaurantes
E de ler as críticas e quadrinhos sozinho
Debaixo dos pessegueiros eu estarei
Sentado esperando até você me buscar

- Rufus Wainwright

23 de março de 2008

Achando graça.

O amor não tem graça quando queima por dentro. Quando tudo que você planeja é conseguir dormir. Quando você quer é apenas um jogo que você joga, e que, quando ganha, querem roubar de você.

Talvez não seja nada. Talvez seja tudo na minha cabeça. Talvez eu seja bobo. Talvez seja uma perda de tempo. Mas eu acho que não. Talvez eu tenha certeza de, talvez, estar apaixonado. Talvez eu esteja. Então se você quer é só sair e jogar.

21 de março de 2008

Eu não me sinto mais volátil.

Mentir pra você mesmo é mentir pra todo mundo. Tenho achado muito mais fácil refletir sobre canções e escrever nonsensismo e poemas nesse fucking blog que confrontar as pessoas que quero. Eu não mudei de opinião sobre ninguém ao meu redor e quero e vou falar isso em voz alta assim que abrir a janela. Eu não sou mais tão jovem, mas eu ainda sou rude.

5 de março de 2008

- Como a cidade no Alasca?

"Eu já te falei sobre o livro mais triste que li, que sempre me faz chorar. Você gostou de todos os livros que te recomendei. Mesmo se não tivesse, eu não me ofenderia. Mas aquele seu é mesmo uma bosta. Aposto que até você concorda secretamente. Não é que eu não goste de você, mas é que fico triste toda vez que te vejo. Não me leve a mal, mas acho que vocês estão namorando."

2 de março de 2008

Tic-tac-holic

Parei de escrever, agora que me escrevam. Parei de entender, agora me entendam. Parei de falar, agora eu só ouço. Parei de andar, você que me leve. Parei de procurar, agora que me achem.

24 de fevereiro de 2008

Boa noite.

No início não há intimidade suficiente e no final há demais. No começo você deseja a pessoa, no final repudia. Começa querendo dormir com ela todo dia, no final inventa desculpas pra não ver. Eu gosto do meio. Quando há sexo ocasional e filmes debaixo de cobertas de sobra. Quando não interessa quem pagou a conta e quando os presentes pequenos ganham significados gigantes.

Olha, eu vou ser direto com você. Não, nunca. Por que o que nós tivemos, e o que você quer ter, é físico. Você só me quer no nível físico. E eu nem estou falando de corpo, língua, chupadas, sexo. É que você não sabe nada sobre mim. Eu sei que você pensa que sabe, mas não sabe. E a culpa é minha pois tudo o que você conhece é o que eu te permito conhecer: esse rosto, minhas caretas, minhas palavras, casos e piadas. Você não sabe minha cor favorita, minhas alergias, onde eu sinto cócegas, meu nome do meio, meu número de celular de cor, o que eu como no café da manhã. Você não sabe quantas pessoas amei, quantas vezes morri.

Então, é sério, isso é pro seu bem. Pára com essa bobagem de dizer que me quer perto de você pra sempre. Bobagem. Você não quer, pode admitir. Eu não levarei pro lado pessoal. Juro. Boa noite.

17 de fevereiro de 2008

Falados, os segredos calam

O site PostSecret publica todo domingo cartões postais anônimos em que as pessoas escrevem segredos seus. Eu até já enviei alguns - que não foram publicados ainda - mas é impossível não se identificar com alguns segredos de outras pessoas...



13 de fevereiro de 2008

Odeio circo

A luz negra de um destino cruel
Ilumina o teatro sem cor
Onde estou representando o papel
De palhaço do amor

23 de janeiro de 2008

Acordo sozinho.

Meu sangue ainda congela quando o vejo.
Tudo bem durante o dia, pois me mantenho ocupado
Fico acordado e limpo a casa, pelo menos não estou bebendo
Corro por aí, assim não preciso ficar pensando em pensar
Compromissado com amor não preciso me preocupar onde ele está
Bebo, fala sem parar, danço, corro pra lá e pra cá
Prefiro estar agitado em cada minuto que posso
Pois no momento que eu paro o sono me pega e eu fico sem ar
Pois esse contentamento silencioso que todo mundo tem
Simplesmente desaparece assim que o sol se põe
Vejo ele nos meus sonhos, me enche de coragem
Me faz boiar no medo afundado na alma
E a lua vai embora e eu acordo sozinho

- Amy Winehouse (adaptado)

21 de janeiro de 2008

A diversão é achar.

Imagine-se novamente criança. Você está brincando de esconde-esconde. O objetivo do jogo é achar seus amigos. Aliás, achá-los é a parte mais divertida do jogo, é o motivo para que você esteja jogando aquilo. Imagine que você está contando até 10 e, terminando, você se vira e seus amigos estão ali, bem ali, parados na sua frente. Você ganhou! Mas foi divertido? De jeito nenhum.

14 de janeiro de 2008

Where is God?

God is in you. God is around you. The only reason you cannot experience the full power of God's Light is because it is hidden behind a curtain. But the good news is that this curtain cannot diminish God's power. Think of it like this: if you were to cover a brightly shining lamp with several layers of cloth, the room would grow progressively darker. But the original light of the lamp would never change. Never.

- Yehuda Berg

12 de janeiro de 2008

11 de janeiro de 2008

Ei, vem cá e me abrace.

Pior é que não restam ouvidos e paciência pra me ouvir reclamar da mesma coisa. As palavras de quatro letras ficam martelando na minha cabeça. Não sei qual escolho. Amor e ódio são as palavras mais sujas que eu já disse e as que melhor me fizeram sentir. As coisas foram ruins, mas eu até me diverti. O pior é que eu me viro pra lado contrário e corro tanto, mas tanto, que sinto que dei uma volta completa e aí bato a cara de novo em você. Pelo menos eu te amo. E o pior é que amo mesmo. E odeio amar.

6 de janeiro de 2008

Por que?

Eu estaria mentindo se dissesse que estou completamente são e salvo. Eu estaria provando que você está certo com meu silêncio ou minha fúria? Eu estaria deixando você vencer com a minha não reação? Como eu explicaria isto a meus filhos se os tivesse? Porque eu não posso permitir ser mal interpretado mais uma vez.

Eu estaria choramingando se eu dissesse que eu precisei de um abraço? Você se sentiria diminuído se eu dissesse que seu amor não foi suficiente? Como posso me queixar? Com posso me queixar quando fui o único que lutou? Pois eu não posso deixar de imaginar por que você me perguntou.

Para toda aquela sabedoria não ouvida no pátio da escola: vocês pensam que são os corretos, vocês pensam que são os encantadores, tenho certeza. Como vocês podem continuar com tanta convicção? E quem vocês pensam que são? Porque me questionam? Porque não podemos deixar de rir dessas opiniões - e permitir ser enganado mais uma vez.

Porque nós não podemos ajudar sem sua vontade. Por que você me afeta? Por que você me afeta ainda? Por que você me atrapalha? Por que você me anula e atrapalha? Por que você me enerva? Por que você me enerva ainda? Por que você me engatilha? Por que você me engatilha ainda?

3 de janeiro de 2008

Não é pra rimar

Deveria ser terminantemente probido rimar amor e dor
Anos e anos de uma cultura besta que só faz avacalhar a busca
A busca por corações quentes que desconsiderem a frieza do meu
Todo mistério esconde coisas muito claras
Todo elogio é uma promessa