Não é que eu seja exigente. Tampouco é frescura. As pessoas são diferentes e eu sou sensível. Mas, olha, longe de mim de achar isso poético. Às vezes me é quase um defeito. Ninguém é perfeito e ser sensível pode ser um saco. Fico sensibilizado com coisas pequenas, vejo significados ocultos em coisas que não eram pra dizer nada. Me ofendo com certos elogios e me sinto bem com certos xingos. Ok, até aí deve ser normal. Mas o negócio é que me vejo em berlindas onde ser sensível é muito chato. Especialmente por ser gay. Uma coisa não é, nem deve ser, sinônima da outra. Afinal, existem inúmeros tipos de gays e inúmeros tipos de sensibilidades. Mas toda a humanidade tem uma interseção invisível em certos tipos de sentimentos. E elas são minhas armadilhas. Então preciso ser forte em momentos terríveis só para não presenciar sequer o início de um pensamento do tipo “ah, ta fazendo assim porque é viado”. E eu sofro. É uma mistura alucinada da vontade de seguir provando nada a ninguém com a vontade de mostrar como nem todo mundo é como imaginam que sejam. Fez sentido isso? Não importa. Uma coisa não é opção e a outra é cem por cento escolha minha. E por mais doloroso que seja as vezes, escolho ser assim. Eu não vou deixar pra lá, mas não sei como fazer. Preciso é de alguém pra me amar, aceitar e quietar.