30 de setembro de 2007

Bing(o).

- Chandler, vamos jogar futebol?
- Não, obrigado.
- Vamos lá, cara. Você não quer fazer nada desde que terminou com a Janice.
- Não é verdade! Eu quero usar meu moletom o dia inteiro. Eu quero comer apenas amendoins. Eu quero começar a beber de manhã! Não diga que não tenho objetivos!

24 de setembro de 2007

The clock still strikes

Por que eu memorizei datas e fatos e palavras. E salvei textos e fotos e palavras. E sempre, sempre estive naquele estado de esperar pra ver, de crer pra ver, de esperar pra ser. E não deu em nada. E eu ouvi “Rejazz” e, porra, como Regina tem razão! Eu pensei errado, o mundo não acabou. Ok, eu confesso que me senti corajoso no fim das contas, mas também confesso que passei a noite esperando um telefonema arrependido que não veio (pois eu me escondo, mas qualquer um pode me achar). O tapa nem doeu tanto quanto eu esperava. Precisei de McDonald’s e cafunés, não dormi bem e estou a um passo de fumar um cigarro, mas tenho a impressão que vai passar mais rápido do que eu imaginei que demoraria. Mas não sei se isso é bom.

22 de setembro de 2007

Poeminha

É aquele olhar bonito
Que eu não me canso de olhar
Cheiro de coisa nova
De coisa que vai começar
Embrulhando minhas estrelas
Antes da noite terminar
Abra as portas e janelas
Pra deixar o ar entrar
Você sabe o que tem que fazer
Chega de dormir sem sonhar

Sem título

Não importa onde eu esteja, com quem esteja, ele continua ali, quietinho, encolhido em um canto de algum lugar de mim. Amoado, meio que desesperado, por ser tão, mas tão grande e viver daquela forma. Encolhido, surrado, machucado.

Ele é o mesmo. Mesmo com brigas, decepções e defeitos. Às vezes ele cisma se levantar para ir embora mas, quando chega na porta, volta. Ele já tentou se aposentar, passar o serviço para outro e ir embora, mas poucos foram realmente satisfatórios na função que desenvolviam e os que chegaram a um bom nível, eram expulsos por medo de realmente tomarem seu lugar.

Hoje, exatamente hoje, cansou de apanhar e se levantou. Nesse momento está com uma mão na maçaneta da porta. Pra onde vai? Não sei! Ainda não me falou. Se vai mesmo também não sei.

20 de setembro de 2007

Animais

Agora que estou só eu sinto a solidão de toda esquina de avenida na qual eu vendi o meu amor. Todos os momentos de humildade que se transformaram em humilhação. E eu fico achando que estou mesmo é à espera de um eclipse solar. Mas é que sempre que eu acordo com o copo metade vazio eu o preencho com lágrimas.

Ele é minha pomba escondida na escuridão e eu não posso quebrá-lo como uma camada de diamante, não posso furtá-lo como um assaltante, mas também não posso virar uma memória pornográfica com marcas de choro e de tabaco.

É um pequeno desastre, do tamanho da era glacial. Não sei se dinossauros assim teriam sobrevivido (ou índios ou borboletas). Eu evitava que tivesse contato com meu espírito com medo dele ser tão frágil quanto uma folha de outono queimando como papel.

Eu sempre soube que passaria muito tempo sozinho. Ninguém ia me entender, mas talvez eu devesse ir e morar junto aos animais. Passar todo o meu tempo ao lado deles. E os únicos caminhos me levariam ao mar.

Eu sou apenas uma folha de outono, algo simples e vergonhoso assim. É assim que meu coração se descreve ao lado do passeio: um perfumado restaurante vazio cheio de balões. E eu sento e entretenho todas as bizarras fantasmagorias da minha alma.

O nome dele ainda permanece e entorpece minha língua. Talvez seja só a vontade de um novo destino. Um que, mesmo miserável, seja meu. Ele me lembrava alguém de algum filme antiguinho, desses que há sempre uma moça calada e desesperada por amor.
Um dia em breve meu irmão vai morrer e me fazer lembrar de todo o tempo subordinado que eu neguei. E talvez eu tenha mentido quando disse que estava bem, estava apenas me adequando, seguindo o cotidiano. É como uma música infantil que você decora e não presta mais atenção na letra.