Ausência interior exterior. Nariz em pé pela rua, risadas altas em bares, piadas boas no horário de almoço. Mas eu acredito em mim mesmo? Tenho achado que não. Como é complexo isso. Eu não acredito em elogios que me são feitos, pois acho todos parciais. Mas pode algum não ser? Eu me sinto facilmente ameaçado, pois não estou à altura de ninguém. O outro sempre é mais que eu; mais bonito, inteligente, atraente, engraçado, atencioso, rico, perspicaz, engraçado. Não acho que meus agrados preenchem o tanto de espaço que imagino que deviam preencher e me culpo por isso. Eu espero calado por sinais de que eu esteja errado, mas com medo deles não serem confiáveis por terem sido, de certa forma, plantados por mim. De onde vem essa minha necessidade de aprovação? De onde vem tanta culpa? Me dá um aperto gelado no peito e eu penso em coisas abstratas – como no inútil design aerodinâmico das caixas de som do computador – para evitar que lágrimas apareçam. Eu não sou tão incompetente assim, tão feio assim, tão ignorante assim. Por que preciso de provas? Porque dependem de terceiros? Eu, logo eu, que sempre assinei meus conselhos para amigos com a frase “não coloque sua felicidade na mão de outras pessoas. Se elas tiverem o pode de te fazer bem, também terão o de te fazer mal”. Logo eu...