Eu sempre tive problemas com extremos que são igualmente prazerosos para mim. Metade do tempo que fiz terapia tratei disso. Da vontade que tinha de namorar com uma pessoa e da vontade que tinha de trepar cada dia com uma pessoa diferente. Da vontade de fazer academia e da vontade de ficar em casa só vendo televisão. Da vontade de comer coisas saudáveis e da vontade de só comer coisas gordurosas. Da vontade de tentar fazer algo no mundo das artes e da vontade de ter um emprego mais regular. O problema em que todas essas questões se baseiam é o controle. Sempre, em uma das opções, há um pouco mais da sensação de que minha vida não está sendo controlada inteiramente por mim. Eu tenho medo de um futuro incerto e acho que posso controlá-lo se agir de tal ou tal maneira. Uma bobagem, eu sei, mas não consigo evitar. E o empenho para agir da tal maneira que acho correta me falta às vezes. Eu me esforço e aparento estar bem, mas estou morrendo por dentro. Eu sou muito mais egoísta do que queria ser e é curioso como não me comove o sucesso das pessoas que eu não gosto. Já as que gosto... Não sei o motivo. É algo no mesmo nível de querer controlar a situação, eu acho. Não querer estar ao redor de quem eu amo e acho que é melhor do que eu. Mas também da dificuldade de amar quem acho pior que eu. E até parece que dá pra medir essas coisas! E ver gente que amo ou amei se dando bem e "passando na minha frente" me faz querer levantar daqui e ir chorar escondido ali no banheiro. Não farei isso, é óbvio. Tenho uma imagem a zelar para comigo mesmo, acho. Sei lá. Quanto mais eu penso, mais perco meu tempo. Se a gente foca nessa linha de chegada imaginária, não conseguimos ver a paisagem ao redor. Mas talvez a paisagem seja feia; talvez eu não a queira ver; talvez eu seja cego mesmo. O problema nunca é com o que sou, é com o que eu queria ser.
24 de junho de 2011
20 de junho de 2011
A dor da cura
Todos nós fazemos algumas coisas bem negativas em nossas vidas. Mas arrependimento não é ficar batendo em nossas próprias cabeças. Trata-se de transformar a transgressão em uma virtude. Nunca se trata apenas da realidade do 1% daquilo que fizemos. Trata-se de onde nossa cabeça se encontra. Trata-se do tipo de consciência que nasceu como resultado daquela ação negativa que praticamos. Se o que você fez na realidade do 1% era o que precisava acontecer para finalmente colocar sua cabeça no lugar certo para dizer “Não quero mais fazer isso. Chega disso!”, a transgressão se torna uma virtude.
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