24 de junho de 2011

Direção

Eu sempre tive problemas com extremos que são igualmente prazerosos para mim. Metade do tempo que fiz terapia tratei disso. Da vontade que tinha de namorar com uma pessoa e da vontade que tinha de trepar cada dia com uma pessoa diferente. Da vontade de fazer academia e da vontade de ficar em casa só vendo televisão. Da vontade de comer coisas saudáveis e da vontade de só comer coisas gordurosas. Da vontade de tentar fazer algo no mundo das artes e da vontade de ter um emprego mais regular. O problema em que todas essas questões se baseiam é o controle. Sempre, em uma das opções, há um pouco mais da sensação de que minha vida não está sendo controlada inteiramente por mim. Eu tenho medo de um futuro incerto e acho que posso controlá-lo se agir de tal ou tal maneira. Uma bobagem, eu sei, mas não consigo evitar. E o empenho para agir da tal maneira que acho correta me falta às vezes. Eu me esforço e aparento estar bem, mas estou morrendo por dentro. Eu sou muito mais egoísta do que queria ser e é curioso como não me comove o sucesso das pessoas que eu não gosto. Já as que gosto... Não sei o motivo. É algo no mesmo nível de querer controlar a situação, eu acho. Não querer estar ao redor de quem eu amo e acho que é melhor do que eu. Mas também da dificuldade de amar quem acho pior que eu. E até parece que dá pra medir essas coisas! E ver gente que amo ou amei se dando bem e "passando na minha frente" me faz querer levantar daqui e ir chorar escondido ali no banheiro. Não farei isso, é óbvio. Tenho uma imagem a zelar para comigo mesmo, acho. Sei lá. Quanto mais eu penso, mais perco meu tempo. Se a gente foca nessa linha de chegada imaginária, não conseguimos ver a paisagem ao redor. Mas talvez a paisagem seja feia; talvez eu não a queira ver; talvez eu seja cego mesmo. O problema nunca é com o que sou, é com o que eu queria ser.

20 de junho de 2011

A dor da cura

Todos nós fazemos algumas coisas bem negativas em nossas vidas. Mas arrependimento não é ficar batendo em nossas próprias cabeças. Trata-se de transformar a transgressão em uma virtude. Nunca se trata apenas da realidade do 1% daquilo que fizemos. Trata-se de onde nossa cabeça se encontra. Trata-se do tipo de consciência que nasceu como resultado daquela ação negativa que praticamos. Se o que você fez na realidade do 1% era o que precisava acontecer para finalmente colocar sua cabeça no lugar certo para dizer “Não quero mais fazer isso. Chega disso!”, a transgressão se torna uma virtude.