16 de setembro de 2008

Eu estava no ônibus em pé

E um homem encostou a mão dele na minha. Antes mesmo de virar ele desencostou, como que se tivesse sido o reflexo de quando encostamos em um espinho ou em uma panela muito quente. Eu sei que não foi nada pessoal. Ele não me odeia ou me enoja. Ele odeia o estranho. Aquele cara estranho. Aquele cara de mochila. Aquele estranho de cabelos pretos e nariz furado. Esse estranho estranho.

7 de setembro de 2008

Maria está na Índia

Daniel está sozinho pois Maria está na Índia agora. Ela disse que ia ligar, mas isso foi há três semanas. Ela deixou todas as coisas, seus livros e cartas dele. Mas ao que o sol nasce em Maria, se põe nele.

E ela dança, e ela bebe. E ela vê coisas que eu nunca vou ter oportunidade de ver.

Daniel não está comendo, está bebendo e dormindo. Eu o vi ontem a noite em uma festa e ele está bem magro. Ele diz que está feliz, parece até bem, mas eu sei que ao que o sol nasce em Maria, se põe nele.

Daniel veio aqui ontem a noite e eu cozinhei para ele. Falamos de você, Maria, e o quanto ainda te amávamos. Ele me disse que guardou seus livros, suas cartas e coisas. E ao que o sol se põe em Maria, nasce nele.

E nós dançamos e bebemos e eu vi coisas que ela nunca teve chance de ver. Não se preocupe, Maria, pois eu estou cuidando dele e ele está cuidando de mim.

- Dido