Te conheço há 21 anos e não sei quem você é. Imaginei que você pudesse ficar muito revoltado e querer me bater. Depois pensei que talvez você fosse compreensivo e agisse como se nada fosse diferente (pois, de certa forma, não é mesmo). É que poucas coisas são mais chatas do que cantar a mesma música sempre da mesma maneira. E, apesar da consciência de que não é isso que está acontecendo, fica a questão. Essa maldita pausa. Não foi nada bom aquele dia. Você precisava ver. Ela chorava como se não houvesse amanhã! As lágrimas vinham de todos os lados dos olhos dela e, quando eu não agüentava mais, fui abraçá-la e ela recuou. Ela fugiu do meu abraço. Não sei se com medo ou nojo, mas ali eu vi que meu lugar não era mais com ela. Eu a amo e sei que ela me ama, mas hoje, apesar da convivência, ela está longe de aceitar isso. E é por isso que eu me permito estar nesse purgatório. O limbo é curiosamente doloroso se a reta final for o paraíso. Eu quero calma nessa jornada. Eu quero mais silêncio que música. Eu quero mais poesia que diálogo. Eu quero mais palco que fãs. Eu quero mais eu que você.