28 de novembro de 2010

Amor, você é uma prostituta

No intervalo entre se render e a notícia chegar até o governo rival, demorava-se tanto que, muitas vezes, vidas eram perdidas. O rei de Portugal teve que esperar meses para ler o que Caminha tinha para dizer sobre o Brasil. E lá se foram 70 páginas, frente e verso, apenas para dizer que aqui era cheio de gente pelada, de árvores e quente como o cão.

E cá estamos nós, muito anos depois, emputecidos porque a mensagem de celular que enviamos há 10 minutos ainda não foi respondida. Cada vez que uso algum, concluo: os novos meios de comunicação instantânea são ótimos, mas não nos ajudaram a nos comunicar melhor.

E não é preciso explicar muito, é? E-mails enviados para pessoas erradas, SMSs com remetente oculto, indiretas pelo Twitter que ofendem quem não tem nada a ver com a história, escrever o texto certo na janela errada do MSN. Quem nunca passou por uma dessas coisas?

“Meu vizinho, minha avó e meu tio, que não sabem mexer na internet”, você responderá. Ok, mas será? Quer dizer, aquele suspiro alto que sua mãe dá numa mesa com os amigos chatos do seu pai, não é o sinal dela de quem quer ir embora? Aquele bocejo forçado, aquele olho falsamente fechando. Por que não podemos ser honestos uns com os outros? Por que existem sinais complicados de serem interpretados...?