17 de setembro de 2010

Não-pertencimento

Talvez uma das piores sensações seja a de não-pertencimento. É com isso que Sofia Coppola trabalha tão bem em “Maria Antonieta” e “Encontros e Desencontros”, com a sensação de não pertencer ao homem que é casada, não pertencer a sua família, não pertencer ao seu corpo, não pertencer ao seu grupo de amigos, não pertencer ao lugar onde vive.

E é bem capaz de você já ter entrado em contato algum grupo de pessoas que te fez pensar “eu quero estar aqui” e também com um que te fez pensar “eu nunca estarei aqui”. Talvez um mesmo grupo tenha despertado as duas coisas em você.

Seja quando você se achava um perdedor na 6ª série, seja quando você percebeu que todos os seus amigos são milionários, seja quando você percebeu que preferia ouvir uma música diferente das pessoas ao redor. Durante a vida, eu acho que a gente passa por fases – se é que existem fases – e acabamos de cara com uma série de grupos e conglomerados sociais dos quais nunca conseguiremos pertencer.

Eu sempre me fantasiei uma pessoa que não tem dessas coisas – mas elas nunca estiveram tão claras para mim como agora. Eu me peguei pensando essa semana que, definitivamente, eu não pertenço e provavelmente nunca pertencerei a um grupo que eu admiro – que às vezes eu acho idiota, mas admiro. Eu simplesmente não acompanho. Talvez eu até gostaria de acompanhar, mas não rola. Não é algo que depende apenas de mim, e quando o controle está fora de nossas mãos é isso que acontece...