30 de maio de 2008

A língua portuguesa me salvou

Fernanda Young tem aparecido bastante por aqui e lá vem ela de novo, dizendo algo que me identifiquei: que ela seria totalmente diferente se tivesse outra língua. Eu não consigo me expressar em outras línguas, não tenho a menor capacidade, não tenho talento nem paciência alguma. A maneira que a Língua Portuguesa conduz o meu raciocínio - o meu e o de todo mundo – como que a gente vê os sentimentos, cria relação amorosa, essa coisa que o Português nos dá da saudade, do fado, do drama, da poesia. Talvez eu fosse uma pessoa ainda mais auto destrutiva do que já fui perante concretude de uma outra língua. Eu tenho o raciocínio muito da minha língua. Eu sou fruto da minha estrutura lingüística.

25 de maio de 2008

A poesia na caixa

Não entendem como me fazem falta. Qual sua cor favorita? Ou será que é porque não sentem falta de mim? Onde eu sinto cócegas? Provocações precisam ser voluntárias. Boas e ruins. Se não todas ficam péssimas. Quantas pessoas amei, quantas vezes morri? O tempo passa devagar pra quem espera e aqueles que correm parecem ficar com toda a diversão. Quais minhas alergias? Eu nunca me senti querido como agora, nem nunca tão rejeitado como há 3 minutos. É muito extremo isso. Eu quero você de peito aberto pra eu entrar dizendo "lar, doce lar". E vice-versa.

- Com fragmentos de “Boa Noite

23 de maio de 2008

Let's do it!

Percebi que estive correndo suado minha vida inteira em direção a linha de chegada. O fim da corrida é o começo da vitória. E você diz que, se pudesse, me colocaria num pote afim de não sair mais de perto e não dividir com ninguém. Mas eu já estou no pote.

19 de maio de 2008

Eu acho bonito.

Se você não pode ser bom, seja cuidadoso. Se alguém precisar de mim, estarei no quarto. Chorando até dormir, as lágrimas recentes mais sinceras. Eu tento escrever, mas prefiro ler e quero que me escrevas pois acho bonito.

18 de maio de 2008

Próxima rotina

E depois de um longo dia de trabalho e aulas estamos em casa. Pizza vegetariana na mesa, calor no coração. Filosofias e papo-furado ouvindo uma música calma ou vendo uma sitcom. Sexo demorado, carinhoso e macio. Dormir de conchinha. Acordar cedo, juntos, tomar café da manhã e trocar “bom dias” sinceros. Cinema nos finais de semana, sair pra dançar as vezes, filmes em casa sempre sempre. Você ao meu lado, fazendo poesias sem perceber e eu dando suspiros orgulhosos de felicidade olhando ao redor.

15 de maio de 2008

Jackpot

Pois quando você está apaixonado tudo muda. Você não gosta da pessoa apenas, você lê a pessoa, você ouve a pessoa. E eu me machuquei antes por causa disso. Li livros ruins achando geniais. Mas coisas boas vieram, que mudaram minha vida. Mas aí você precisa abstrair que aquele livro não é aquela pessoa quando tudo termina. Que aquele livro você gostou porque é bom. Que aquela cantora é genial. Demora um tempo pra você poder ouvir uma canção e não lembrar do que ela te fazia sentir por alguém, mas você consegue. É um problema estúpido de uma coisa que eu sinto que não sei fazer: priorizar. Eu já quase perdi uma, não quero perder outra. Jackpot: vazio, vazio, vazio. Trim trim trim!

7 de maio de 2008

Perguntas

Trabalho não muito longe do centro e meu dentista é lá; nessa região da cidade que cheira a gordura e milho verde 24 horas por dia. Saí do consultório convencido que trata-se de algo pessoal, meu dentista me odeia – é a única explicação. Saio e está muito tarde para passar em casa e cedo para ir trabalhar. Almoço numa lanchonete e fico andando pela região. Cansado, decido entrar um um shopping center perto – afinal, Deus no céu, ar condicionado na Terra. Lá, não encontro lugar para sentar exceto à frente de uma prepotente vitrine de roupas íntimas da Calvin Klein. Oh, Deus. Uma cueca aqui custa quatro vezes o meu almoço. Que coisa é essa? Quem vê sua cueca e te avalia pelo preço dela? Cinco minutos pensando e olhando para dentro da loja. A vendedora me encara disfarçadamente com olhos debaixo de um cabelo liso provavelmente não natural. Resposta: todos. O MP3 pula para Portishead. Nova resposta: os que não se importam com você. Estou incomodado com o ambiente ao redor, mas feliz com meus pensamentos e expectativas e sentimentos.

2 de maio de 2008

Amor da Primeira Série

Eu sinto falta do amor puro da primeira série. Não que os outros amores que tenham passado por mim fossem menores ou maiores, mas foram tão diferentes. O amor da primeira série era um amor de olhares e descobertas. Eu não sabia que, para as outras pessoas, o amor podia não ser suficiente e nem que o sexo importava tanto. Aliás, eu desconhecia qualquer tipo de sexo, ponto G, beijos de língua, pegadas.

Foram poucas estradas. Mas todas longas e cheias de buracos. Realmente não faço idéia se machuquei alguém e realmente espero que não. Mas, para mim, muitos corações e muitas pessoas se tornaram irrelevantes - seja depois de muito prazer ou muito sofrimento. O amor da primeira série foi o único a ir embora e não deixar dor.

Eu lembro dos nomes, situações e histórias. Cartinhas às escondidas, pedidos de namoro, vergonha, palpitação. A descoberta do amor na primeira série e o que senti naquele tempo é o que me faz querer amar hoej, sempre e pra sempre.

- Adaptado do texto escrito em agosto de 2007. Original aqui.

1 de maio de 2008

Superstar da psique.

A questão é que eu sou um suburbano, pronto! Um homem que, quando criança, brincava de submarino em piscina de 1000 litros. Um homem que lambe a tampa do iogurte. Um homem que tem um pai que teve um Fiat 147 amarelo. Uma "suburbanice" sem precedentes. Mas não há nada de errado em ser um suburbano. O negócio é que você jamais consegue deixar de ser um deles. Reconhecível em qualquer lugar do mundo! Você faz parte da zona franca. Você tem aquele galo que muda de cores em cima da sua cabeça. A verdade fudida é que eu tinha vergonha dos meus pais. Sempre tive. Agora que a vida está do jeito que está, eu devo confessar isso. Mas qual foi o instante em que eu achei que era diferente deles? Esse Fiat precisa ser enterrado. Porque aqui, ou você coloca o Fiat parada na frente da sua casa e com orgulho o lava todos os sábados ou você carrega o Fiat escondida na alma. Que bosta de vida é essa cujo maior trauma não chega aos pés dos traumas de verdade? Afinal, o que é o trauma de não ter ganhado aquele tênis com luzinha na sola comparado com as criancinhas africanas que não têm dentes pra escovar? É, talvez dentro do meu contexto social eu seja uma pessoa de traumas. Mas, fala sério, não sou um superstar da psique.

- Com fragmentos de "Piscina", Fernanda Young